O deserto tem uma complexidade que não aparenta, tal como um corpo oculto. A beleza feminina da escrita quase surrealista de Jelloun narra a violência da negação do ser e do prazer, tal como percorrer as contrastantes areias de um deserto, ora escaldantes ora gélidas, ora de uma brancura cega ora de uma obscuridade vertiginosa. Os sentimentos a que nos expõe esta estória (só possíveis com uma tradução cuidadosa), mantêm-nos durante quase toda a narrativa numa ambígua perplexidade, e isso é sempre bom; da incerteza é feita a descoberta, mesmo que dolorosa.